terça-feira, 19 de junho de 2012

Técnicas e Métodos do Ballet Clássico- parte 5- Balanchine

BALANCHINE

Linguagem clássica e sotaque americano... só podemos estar falando de Georges Balanchine (1904-1983), o russo que transformou o ballet nos Estados Unidos.
Balanchine é reconhecido como o coreógrafo que revolucionou o pensamento e a visão sobre a dança no mundo, sendo responsável pela fusão dos conceitos modernos com as idéias tradicionais do ballet clássico, o verdadeiro criador do bailado contemporâneo e um dos maiores influenciadores dos mestres da dança.

Balanchine, sobre si mesmo, "Nós devemos primeiramente compreender que a dança é uma arte independente, não um mero acompanhamento. Eu acredito que ela seja uma das grandes artes…A coisa importante no balé é o movimento por si mesmo. Um balé pode conter uma história, mas o espetáculo visual…é o elemento essencial. O coreógrafo e o bailarino devem lembrar-se que eles devem alcançar a platéia através dos olhos. Esta é a ilusão no qual convence a platéia, tal como é no trabalho de um mágico."

Depois dessa linda definição, vale observar alguns detalhes de sua técnica:
O port-de-bras é a tradução da liberdade refletida em auto-suficiência e auto-estima. As mãos mostram os cinco dedos de maneira acentuada e devem ser livres na sua movimentação e os grands-pliés sobem de uma vez, sem paradas nítidas no demi-plié.
Em todos os movimentos em que o calcanhar tenha saído do chão, ao retornar, ele não deve encostar totalmente de novo, o que acentua a velocidade da execução dos movimentos e contrasta fortemente com a concepção de Vaganova, em que o demi-plié profundo é acentuado, buscando-se, ao colocar o calcanhar no chão, não apenas alongar o tendão de Aquiles, mas também favorecer a altura dos saltos. Ou seja: o bailarino de Balanchine dança numa velocidade muito superior ao russo; em compensação, o bailarino formado pelo método Vaganova tem saltos muito mais altos, o que, obviamente, exige um tempo maior de execução.
Os quatros arabesques denotam o deslocamento do ombro para sugerir a idéia de oposição, de cruzamento entre tronco e quadris (o eixo central do corpo é sempre a referência da direção da perna e do braço em arabesque, por isso as pernas nas direções devant e derrière são usadas com cruzamento acentuado). Nesse movimento, o quadril é mantido acentuadamente aberto. 
Os movimentos devem ser executados pensando em cada um no momento em que estão acontecendo; não se deve sacrificar um movimento em função da dificuldade do movimento seguinte.
Os attitudes derrière, na posição effacé, não são tão alongados que formem um ângulo oblíquo como os russos; tampouco são tão encurtados que formem um ângulo reto como os ingleses. O attitude devant deve ser bem cruzado e por conseqüência só será en dehors dentro da medida do sensato e do possível.

Essa linha de trabalho é realmente bem diferente das que conhecemos mais profundamente aqui no Brasil, não é mesmo?


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